sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Que venha o novo!


Que o novo ano venha como o velho veio. 

Chegue de mansinho, assim como quem não quer nada. Que chegue com cara de continuação. Se mostre novo, quando eu menos esperar. Me recompense pelo meu esforço, reconheça meu mérito. Me dê uns sustos, pra eu saber dar valor ao que é de valor. Me ensine a ser melhor. Me dê a mão quando eu cair. Mostre que as coisas não precisam ser sempre iguais; que mudar pode ser bom; que basta ter coragem para se fazer do novo ano um ano todo novo.


Agora – que não tem mais jeito – pode vir 2011! 

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

tempo

Não há como escapar dele, todos somos seus súditos. Ele dita as regras e nós as seguimos. Às vezes, nos iludimos e pensamos ser os mestres dele, mas ele é o ditador das nossas vidas - pro mal e pro bem.

Me lembro de, quando pequena, viajar muito de carro com meus pais. Todo dezembro/janeiro era sagrado: viagem de carro pra alguma praia por aí afora. E lá íamos nós, porta-malas cheio, na frente, isopor com sanduíches de maionese, queijo e presunto, e pra acompanhar, toddynho. Pra passar o tempo, joguinhos, gibis e fitas de música infantil. E lá íamos nós. Como não poderia deixar de ser, em algum momento logo após a partida, eu fazia a tão famosa pergunta entre as crianças: "Já tá chegando?". Não me lembro o que meus pais respondiam, mas imagino que eles deveriam me falar a verdade e dizer que não, não estávamos chegando e iria demorar muito pra chegar. Lógico que muito pra eles, era quase infinito pra mim, então, algum tempinho depois, estava eu a repetir a mesma pergunta. Lembro de ser tudo muito divertido, mas muuuuito demorado também. Esse tal de tempo que não passava! Sempre o tempo.

Ainda criança, brincava na rua todos os dias, sem falta. Era meu compromisso sagrado e uma das minhas maiores alegrias. Fim de tarde, rumava eu em busca de meus vizinhos-amigos queridos, porta em porta, chamando todos para a diversão do fim do dia. Pique-esconde, pique-bandeira, bete, elástico, fruta-fora (como era o nome disso?), amarelinha, garrafão... Era muita diversão pra pouco tempo. Eu piscava e lá estava minha mãe, lá embaixo na rua, em frente a nossa casa, a me gritar que era hora de entrar. Tinha que entrar, porque tinha ainda que tomar banho, lanchar e ir dormir cedo. Sempre o tempo.

Fui crescendo e o tempo começou a ter medidas diferentes. Essas medidas dependiam da dor ou do prazer que alguma atividade proporcionava, o tempo era inversamente proporcional a minha vontade. Tudo que era bom, legal, divertido, prazeroso durava pouco. E todo sofrimento era eterno.

Ainda hoje é assim. Há uma semana estou presa no infinito temporal. O tempo não passa, faz questão de não passar, fica ali sentado na beirada da minha cama, observando sadicamente a saudade a me torturar.

Me apego na certeza de que ele não é tão senhor assim das suas próprias vontades. Mesmo que ele insista em andar em câmera lenta, tudo bem, pelo menos ele não pode parar. E um dia, eu hei de matar essa saudade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

eu, eu mesma e a eterna dúvida sobre a existência do destino

Então um dia, eu descobri que eu era caubói lutador, herói vencedor e jogador campeão. Eu descobri que eu podia tudo que coubesse dentro da minha imaginação. Eu descobri que eu tinha força, que tinha asas, que eu tinha poderes.

Eu tinha o poder de traçar o meu caminho, de vencer minhas batalhas, de mudar o meu destino. Tinha o dom de colorir meus momentos preto & branco, tinha a malemolência necessária pra sambar diante do blues da minha vida. Eu podia costurar meus próprios trajes coloridos, maquiar minhas cicatrizes e sair por aí cantarolando minhas cantigas de alegrar.

Eu era dona de mim mesma. Senhora da minha vida. Mestra suprema do meu destino.



Ou não.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

em dias de calor

Medo não é cor.
E viver com medo é perder todas as cores. É ser míope por opção. Mas será o medo, de fato, uma opção?

Parte de mim tem total consciência do medo. Parte de mim sabe exatamente o que fazer pra não ter que viver assim. A outra parte não faz a mínima idéia.

Parte de mim acorda ansiosa e decidida. A outra parte se perde nas alegrias efêmeras dos dias de calor aconchegante.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

das grandes alegrias

Sempre achei que medo derivasse de coisas ruins. Tudo bem, existem medos de coisas que em si não são ruins, mas a explicação do medo geralmente passa por algo que não é bom ou agradável. Na verdade, esse "sempre" se estende até a minha adolescência, que foi quando descobri que medo pode vir de coisas boas.

"Quando alguma coisa é boa demais, desconfie", foi o que eu aprendi a pensar. Então, toda vez que a felicidade resolvia me abraçar, eu tinha medo de morrer sufocada. Tinha medo de que esse abraço fosse um falso carinho. Tinha medo de que a felicidade fosse só o disfarce da tristeza. Eu tinha certeza que quando eu me distraísse, a tristeza atacaria sem piedade. Portanto, nunca me distraía. Nunca relaxava. Vivia em alerta, convivia com o medo constante.

Queria eu que isso tudo fosse, de fato, conjugado somente no passado.

Mas de vez em quando, perco o medo e me jogo. Às vezes, me despedaço. Às vezes, dá certo e eu sou feliz.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

metáfora de boteco


Meu copo ainda transborda. 
E por mais que eu beba, beba, beba e o copo continue sempre cheio, minha sede não é saciada. 
O líquido que ali está já não tem mais a mesma cor, nem o mesmo cheiro, nem o mesmo gosto. 
Mas ele está ali. Ele está. 
Só não mata mais a minha sede.

domingo, 21 de novembro de 2010

pessoas-remédio

Mesmo quando me vejo perdida no buraco negro originado da existência de diversos problemas que parece que insistem em aparecer todos juntos, de mãos dadas, dispostos a acabar com a minha raça, ainda assim, existem pessoas no mundo que me fazem esquecer de tudo.

Tem gente que tem esse dom. E é bem um dom mesmo, porque nem da vontade deles depende. Tem gente que só de existir já faz bem. Uma foto, uma lembrança... já são o bastante pra me fazer sorrir e ter um descanso do peso das encrencas.

Dessa última vez, vendo uma foto de uma pessoa distaaante que só, fiquei feliz e esqueci das dores do mundo. Pessoa boa, de coração grande e bom, de alma gigante, de alegria inacabável. Momentos (poucos e) bons, passei com essa pessoa, e neles me apego de quando em vez. E noutras vezes, me apego a outros momentos, vividos com outra pessoa divertida e alegre; e em outras me apego a uma outra, de uma amiga de infância e nossos momentos de infância. E assim, vou me apegando a pessoas queridas e lembranças boas, e me lembro ainda que há muitos momentos bons como aqueles me esperando na esquina do futuro.

sábado, 20 de novembro de 2010

fotografias do futuro

É um amor infinito que briga comigo pra permanecer dentro de mim.

É um dor que dói fininha, meio calada, meio mansa, meio inconformada com a conformidade que a sinto.

São buracos nos meus dias, buracos na minha vida. Espaços em branco, vazios. Me sinto perdida nesses espaços. Quando eles surgem no meio do meu dia, me sinto tão sem rumo, tão perdida, que é como se eu parasse de existir durante aqueles minutos, horas, tardes, noites, manhãs. Um buraco negro que suga parte de minha existência e some com ela pra sempre. 

É uma parte de mim que partiu, quebrou, esmigalhou, e não tem conserto. Mas tem cicatrização. E isso demora.

São fotografias perfeitas de palavras que nunca ouvirei, de uma casa que nunca arrumarei, de filhos que nunca terei, de datas que nunca celebrarei, de uma vida que nunca compartilharei, de um futuro que nunca será. Mas que já estavam no meu álbum.

É esse futuro todo cheio de detalhes, desenhado à mão, com carinho, com persistência, com dor, com alegria, com esperança. É ele perdendo suas cores, seus contornos, se esvaindo, chorando, escorrendo.

É simplesmente uma vontade de ficar ali, abraçada pra sempre, segura, amparada, existindo junto com meu amor infinito e minhas fotografias do futuro.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Rabo de Lagartixa

Sempre ouvi dizer que a lagartixa tinha o poder de regenerar o rabo - ou a cauda. Nesses dias nublados, andei pensando que seria bom poder ser uma lagartixa: poder regenerar meu pedaço perdido. Aí, fui pesquisar sobre essa tal regeneração (pra saber como funciona, né, vai que poderia dar certo pra mim também?!).

Lí que a lagartixa perde o rabo como mecanismo de defesa. Ela solta espontaneamente seu rabo pra chamar atenção do predador e poder fugir dali rapidinho. "Que maravilha", pensei, "poder soltar uma parte de você, deixa-lá pra trás e ainda poder regenerá-la depois? Isso é fantástico! Queria poder deixar pra trás aquela parte de mim, por livre e espontânea vontade e depois tê-la de volta, novinha em folha, sem marcas nem lembranças".

Eis que continuando a ler, descubro que quando a cauda da lagartixa cresce de novo, ela não cresce como a anterior, ela cresce menor. Onde antes existia osso - "osso? É isso mesmo? Lagartixa tem osso?"- , agora existe uma espécie de cartilagem. Sua cauda não é mais nem resistente como a outra, nem do mesmo tamanho, nem igual... A lagartixa nunca mais será a mesma, para sempre.

"Então não adiantaria ser lagartixa", voltei a pensar, "iria ser a mesma coisa de ser gente. Você perde uma parte de você. Depois, com o tempo, regenera, mas nunca volta a ser o que era. E parece que a cada regenerar, um pedaço ainda ficou pra trás pra sempre e eu nunca mais serei a mesma".

Pobre lagartixa, até parece gente.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O esquilo, a noz e o rio

Outro dia, me contaram a história do esquilo e da noz - ou do bichinho e do amendoim, sei lá. 

"O esquilo andava carregando uma noz, feliz da vida, quando, então, se depara com um rio em seu caminho. Para atravessar o rio, ele deveria deixar a noz pra trás. Mas ele estava tão feliz com a noz! Será, então, que ele deveria deixar pra lá essa idéia de atravessar e ficar por ali mesmo com sua noz? Mas... e se do outro lado do rio tivesse um monte de nozes, um banquete?! Ele só saberia se deixasse a noz que já tinha em mãos para trás..."


É isso, a vida é isso: tomar decisões. Tomar decisões sem nem sempre saber as consequências delas. E agora?! Fico na calmaria bucólica da minha zona de conforto ou parto rumo ao desconhecido sabendo que, pelo menos, uma coisa é certa: o frio na barriga existirá?! Porque de resto, atravessar o rio é partir, buscando o melhor, mas sabendo que podemos encontrar qualquer coisa - até o pior.

Tá, atravessar o rio, então, pode não dar em nada, pode me deixar sem noz e sem nada, com "fome, frio e medo" (EDUARDO, José). Mas e ficar aqui, desse lado, segurando minha noz, minha única noz, isso será o suficiente? Eu serei feliz assim?

O esquilo pensa, pensa, pensa... se joga no rio com noz e tudo, e morre afogado.

É, não dá mesmo pra ter tudo nessa vida.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dia Mundial Sem Carro


Hoje, finalmente, resolvi me libertar da preguiça, sair da minha zona de conforto, largar meu comodismo em casa e...
ser um carro a menos.

Olhei ao redor. Olhei bastante ao redor. Busquei o caminho da sombras. Olhei para os dois lados antes de atravessar. Atravessei na faixa. Os carros pararam. Vi pessoas. Vi um tatuado de chinelo e bermuda carregando uma sacola que deveria ter coisas de padaria ou coisas de banca de revista. Por falar em padaria, descobri uma padaria que nunca antes tinha visto. Recebi olhares e me lembrei de um dos motivos que me fazem não gostar de me relacionar com a realidade ao meu redor (ou pelo menos, não tão de perto). Percebi que em um determinado momento do caminho da faixa de pedestres na entrequadra até a passarela subterrânea, a calçada acaba, puf!, do nada. Desci as escadas. Tive medo. Olhei pra todos os lados, meio paranóica. Andei rápido na curva, até chegar à parte não coberta - e clara - da passarela. Vi um homem que devia estar fazendo sua caminhada diária. Vi uma mulher, mas não soube dizer se ela também tinha medo ou não. Reparei na sujeira, no sucateamento, na insegurança. Sonhei com o dia em que aquela será uma passarela modelo, limpa, clara, segura. Enxerguei uma Brasília urbana, com seus sucateamentos e grafites. Tive vontade de fotografar. Andei rápido de novo, na viradinha escura, sempre olhando pros lados e fazendo a curva aberta. Subi as escadas e estava do outro lado, sã e salva. Fui no cantinho, no caminho da sombras, sempre. Cheguei. Suada. 10 minutos depois do que chegaria em qualquer outro dia. Feliz por ter conseguido. Com esperanças de um dia ter facilidade, segurança, incentivos, ter vontade de verdade de deixar meu carro em casa.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

As dunas e o vento

Me olho no espelho e não sou mais a mesma.

Minhas costelas aparecem, mas não estou mais magra do que há 10 anos. A balança me diz que ainda sou a mesma, mas minhas curvas não me enganam.

Adoro ver que tenho costelas. Gosto de me trocar e me enxugar em frente ao espelho só pra poder vê-las a cada levantar de braços, a cada giro de tronco. Adoro as minhas costelas. Elas me dizem que sou aquilo que é o sonho de toda mulher: magra.

Porém, abaixo delas, tem aquilo que é o terror de toda mulher e que me diz exatamente o contrário: o cinturão da gordura. Eu não gosto muito dele, é verdade. Ainda mais, porque ao longo dos anos ele só fez crescer. Mas ao mesmo tempo, justamente por isso, sou grata a ele. É ele que faz minhas costelas aparecerem. É ele que me dá aquela cinturinha que nunca antes tive. Obrigada, cinturão da gordura.

Meus culotes também fazem parte da minha listinha de falsos amigos/inimigos. Pra falar a verdade, nem reparo que eles são os tão temíveis culotes. Pra mim, eles são meu quadril, aquele quadril que não tive - e era louca pra ter - há 10 anos atrás.

Me olho no espelho e não sou mais a mesma. Mesmo que a balança me diga que ainda tenho os mesmos 57kg dos meus 16 anos, defintivamente não sou mais a mesma. E me encanta não ser mais a mesma. Sou muito feliz do alto dos meus quase 27 anos e de dentro do meu cinturão da gordura. 

Me sinto parte da natureza. Me sinto moldada artística e carinhosamente pelo tempo. 

Me olho no espelho e me sinto viva, me sinto normal, me sinto mulher.

sábado, 4 de setembro de 2010

Eu-Quitinete

Eu não caibo em mim mesma. Não sei quem inventou essa história de ser uma só pessoa, de se viver uma só vida, mas isso não é suficiente pra mim.

Dentro de mim, vivem várias eus. Cada uma delas tem um humor, tem vontades, sonhos, jeitos, desejos, manias... A cada manhã, uma delas acorda, decide se quer e o que quer de café da manhã, se quer tomar banho ao acordar ou, mais tarde, antes de dormir, escolhe a roupa pra ir trabalhar e suspira feliz por mais um dia, ou emburra e pragueja. E de tarde e de noite e aos fins de semana é a mesma coisa. A alternação entre as minhas "eus" não segue nenhuma ordem nem padrão, cada amanhecer é uma surpresa, cada acordar é uma descoberta de mim mesma.

Até então, tudo é lindo. O problema é quando uma quer furar fila e outra não deixa, e começa aquele empurra-empurra bem na hora da vida recomeçar e "puf!", a vida começa de novo e duas, às vezes até três delas estão lá, juntas, numa confusão só. "E agora, que roupa vestir? Ir pra aula ou praquela festinha irada? Casar e ter fiilhinhos ou viajar o mundo conhecendo gente, se perdendo no prazer eterno da juventude irresponsável?". CAOS.

Surge, então, aquela vontade louca-descontrolada de viver tudo agora e ao mesmo tempo. Quero tudo. Quero tudo. EU QUERO TUDO. Não quero abrir mão de nada. Eu sou mimada. Não quero escolher. Eu quero tudo. Eu quero isso, aquilo e aquela outra coisa também. Eu quero tudo.

Quero a segurança da estabilidade e a adrenalina da efemeridade.

Nós queremos tudo.

E eu - definitivamente - não caibo em mim mesma.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Permitindo

Nesses dias de silêncio, penso sobre o porquê dele. Descubro que não há porquê, há sentir. Um sentir bom que não me deixa buscar outra coisa a não ser a permissão para continuar calada. Então, me permito calar, recolher, sossegar e aconchegar nos braços de mim mesma. E assim ficarei até quando quiser voltar a falar de novo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Lembranças

Lugnetgymnasiet em 2006

Dentro do vazio, me perdi em lembranças. 

Esse negócio de lembrar é estranho. Eu mesmo nunca me lembro de nada, tenho a memória ruim que só. Me esqueço de descer com o lixo, de devolver o livro da biblioteca, de comprar guardanapo quando vou ao supermercado... me esqueço de quase tudo no meu dia-a-dia. Tenho até medo de me esquecer quem eu sou. No entanto, quando estou num daqueles dias nublados, onde não consigo ver nada nem fora, nem dentro de mim, faço questão de apertar os olhos e tentar enxergar tudo de lindo que guardo aqui dentro.

Funciona mais ou menos assim: deito confortavelmente no aconchego da minha cama e me perco em pensamentos. Vou viajando, passando de lembrança em lembrança, passando por lugares, por pessoas, sentindo cheiros, rindo das piadas, derretendo com palavras. Cada vez, vou a uma época diferente.

Dessa vez, fui a Suécia - como não poderia ter sido diferente. Viajei 9 anos e meio pra trás na minha história. Me vi diante de uma escola: Lugnetgymnasiet e me lembrei de como era ter 16 anos e estar em um lugar ma-ra-vi-lho-so. Era bom que só! Encontrei tanta gente que não me lembrava mais: professora de sueco, professor querido, amigas, amigos, conhecidos, paixonites, pessoas fofas. Revivi as aulas matadas pra jogar baralho na cantina; o macarrão com catchup do refeitório, acompanhado de bolacha com manteiga e leite puro; aquele tenis gigante que ficava boiando no meu pé; o gatão da escola que ficou meu amigo depois de uma noite de bebedeira na balada; as paixonites platônicas e outras um pouco menos platônicas; a bicicleta; mais bebedeira na balada e mais gente nova que conheci; a "bala" comprida cor-de-rosa sabor banana que comprava na cantina; o ônibus de 7h e alguma coisa que levava todo mundo direto pra escola; o casacão de inverno; ter de descer a rua de casa devagarinho pra não escorregar na neve que derreteu e depois congelou de novo e virou gelo puro no asfalto... Ai, lembrei de tanta coisa que nem cabe aqui. Como pode caber dentro de mim???

Bom saber que sempre teremos as lembranças.

Gosto de olhar pra trás e ver o que já vivi. Nessa hora, tenho certeza que sempre vou me lembrar de quem eu sou.

terça-feira, 23 de março de 2010

E dentro do vazio...

Diante da felicidade, só nos resta gozar.
Diante do amigo, só nos resta abraçar.
Diante do problema, só nos resta lutar.
Diante do futuro, só nos resta esperar.
Diante do amor, só nos resta cultivar.
Diante da tristeza, só nos resta gastar.
Diante do tempo, só nos resta viver.
Diante da saudade, só nos resta lembrar.
Diante da realidade, só nos resta resignar.

sexta-feira, 19 de março de 2010


Procurando cores, achei vazio. Ausência de cores. Ausência de luz. Breu. Tristeza. Vazio.

Por mais que a vida seja repleta de infinitas cores, elas nunca são suficiente quando nos deparamos com esse vazio. Diante do vazio, as cores desbotam, derretem, se escondem.

Só uma cor não titubeia diante do vazio: a cor do amor.
Essa permanece, sempre, eterna.

Mesmo que ele nunca mais segure a minha mão.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Conversando e aprendendo

Eu gosto de conversar. Converso pelos cotovelos, pelas orelhas, pelos joelhos... Converso com os colegas de trabalho, com qualquer um que esteja sentado ao meu lado na faculdade, com o cara da padaria que me dá meu biscoito de queijo frito, com o dono do restaurante onde eu almoço, com o caixa do supermercado, com a senhorinha fofa que vende paçoca no sinal em frente ao trabalho... Ixi, eu converso até com a morena bonita que eu vejo no espelho do meu quarto todo dia.

Outro dia, conversando com a senhorinha da paçoca, ela me disse que tinha levado um tombo e, por isso, ficou um tempão sumida do sinal - e eu doida atrás dela pra pagar o 1 real que estava devendo. Eu tenho uma dozinha dela, tão velhinha e trabalhando na rua, ganhando tão pouquinho todo dia. E ela é toda fofa, eu queria trazer ela pra casa e cuidar dela.

Um dia mais atrás, lá pra dezembro, conversando com o senhor do caixa do supermercado, ele me disse que tava rolando uma super onda de cartões roubados sendo utilizados lá e que por isso ele estava pedindo meu RG. Eu falei que não tinha problema nenhum e ele me agradeceu. Diante da minha resposta amigável, "que isso, não tem problema nenhum", ele me disse que o povo não andava assim tão amigável por ter de mostrar o RG, tinha gente que estava sendo grossa mesmo. Já encontrei esse senhor várias outras vezes e ele é sempre muito simpático, fala "oi", agradece, deseja uma boa noite/tarde. Coisa rara de se ver.

Conversando com o rapaz da loja de conveniência do posto de gasolina, ele me explicou tudo sobre a Coca retornável. Conversando com o frentista desse mesmo posto, ele me explicou que eles não estavam mais aceitando cartões de uma certa bandeira porque, segundo ele, esses estavam sendo cancelados do nada, muitos deles eram roubados (que onda de cartões roubados!), só estavam dando prejuízo pro posto. Conversando com o frentista de outro posto, ele me explicou um monte sobre o sistema de arrefecimento do carro e da importância de usar um produto lá pra limpar esse sistema, porque a água do meu carro tava vermelho-terra-brasiliense. Os frentistas costumam ser cordiais e prestativos.

Tem um cara que cuida dos carros lá na faculdade que me disse que a filha dele número alguma coisa (estilo Silvio Santos) tem o meu nome.

Saindo de uma palestra na UnB, fui falar com uma bebê andante linda que estava andando pra lá e pra cá dentro do auditório onde estava tendo a palestra: 
- Você é bonitinha demais, bebê! Eu posso levar você pra casa?
- Não! - respondeu a pequena e esperta H. de 1 aninho.

Eu gosto de conversar e converso toda hora, em todo lugar, com todo mundo.
E sempre levo um poquinho de cada conversa comigo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Que bom que você sabe, Lili!


As crianças são a fonte de inspiração do mundo.
Quer dizer, se não são, deveriam ser.

Sobre uma explicação acerca do significado de "popular:
"Ah, eu sei o que é popular. Tem uma menina na minha sala que ela é amiga de todo mundo da escola. Nossa, ela conhece todo mundo! Ela adora dizer que é popular. Mas ela é metida, isso sim!" (Julia, 7 anos)

Sejamos curiosidade.

Sejamos criatividade.

- Professora, por que você tem cabelo no braço igual a Tata?
- Quem é Tata?

- Uma menina do meu colégio.

- Ah... E ela tem cabelo no braço assim, igual a professora?
- Ela tem cabelo no corpo inteiro!
(Tiago, 6 anos)

Sejamos impulsividade.
Sejamos sinceridade.

- É, fica aí com a Lulu, eu sei que você gosta mais da Lulu mesmo. Pode ficar aí com ela, eu sei que você gosta mais dela, eu sei...
- Que bom que você sabe, Lili!

(Lucas, 5 anos)

Sejamos leveza, amor, esperança.
Sejamos crianças.