quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Despedindo

Hoje não quero saber de você ainda, 2012.
Dessa vez, não farei planos, não traçarei metas, não pedirei milagres.
Esse ano, nesse fim de ano, não quero listas.
O ano que está no morre-não-morre foi bom demais pra eu pensar com alegria no próximo que estar por vir.
Esse que me deu tantas alegrias está indo e a despedida é sempre dolorida.
Obrigada, 2011, pelas conquistas, pelos momentos, pelos sorrisos, pelos abraços da vida.
Vá. Adeus.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

hoje

tem dias que eu sou só amor.
hoje é um desses.
vemnimim, amor!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tempo III: medo e enfrentamento

"Você tá velha demais pra isso!", me peguei outro dia pensando a respeito de mim mesma, e quase me meto a mão na cara. Que audácia, quem eu tava achando que era pra pensar uma coisa dessas de mim mesma? E quem era eu pra pensar uma coisa dessas de mim, tão jovem que sou?

Ouço tanto isso, em tantos momentos distintos, de pessoas diversas, em relação a tanta gente. De uns tempos pra cá, ando ouvindo cada vez mais e às vezes de mim, pra mim, na minha cara, sem dó. Às vezes com dó, maquiado por metáforas e eufemismos, nem sempre menos dolorosos.

Não concordo, discordo e me enervo. Sou o que me sinto ser, não aquilo que me vêem. Vivo ainda, muitas vezes, como vivia há uma década atrás, com minhas alegrias e minha rabugentices, em meio a risadas, carinhas, chamegos, dengos, charmes, dramas. Mas agora, levo no meu lombo responsabilidades dessa uma década passada. Acordo cedo sem vitamina da mãe, trabalho até meu calo gritar e minha garganta calar, tenho horário, pago conta, choro sozinha, me dou colo, passo fome, fico com dó de mim, chamo bombeiro, eletricista, levo carro pra revisão, varro o chão. Faço planos pra um futuro próximo, regado a filhos, marido, casa própria, férias de fim de ano. Mas não abro mão das minhas birras, do sapateado com bico, de sentar num boteco sujo, de abrir um sorrisão diante de um hamburguer caprichado de fim de semana, de usar minha minissaia-camiseta-tênis. Gosto de fazer piada bocó, ler livros juvenis, ficar na piscina até ficar velhinha, desenhar e ouvir música. Sou isso tudo junto.

O mundo ao meu redor me diz que o tempo ta passando e eu estou ficando velha. Não conheço os ídolos dos meus alunos, uso palavras que eles não conhecem. Faço piadinhas pra deixá-los encabulados, e os deixo! Meodeos! Vejo todos eles fazendo as mesmas brincadeiras que já estou cansada de conhecer, perguntar sobre cúmulos que há muito já me esqueci, "o que é o que é" que já soube um dia. Quando eu já sabia bastante coisa e quase nada, muita gente que hoje me cerca ainda não existia. É o cronômetro da vida  estampado em todos os cantos pra onde olho.

Os ventos que por mim passam ainda são os mesmos, assim como a rua onde ando, as esquinas que não contorno, o cheiro de terra molhada que ando sentindo nessa mais uma primavera. No entanto, o resto todo mudou. Mas não dentro de mim em que tudo e nada mudaram ao mesmo tempo e aos poucos. Eu me sinto aquela da década passada, mas sou outra e me sinto outra também. Me perco na quantidade de mins que consigo guardar aqui dentro. E se por acaso não tenho certeza de quase nada em relação a todas essas eus de ontem-hoje-amanhã, pelo menos tenho certeza que nunca estarei "velha demais pra isso" - seja lá o que isso possa vir a ser. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

baixos e altos

abraçada.
amada.
querida.
cercada.
rodeada.
feliz.

sozinha.

abraçada.
amada.
querida.
cercada.
rodeada.
feliz.

sozinha.

...

tem horas, que as longas alegrias duram muito pouco... perto das pequenas tristezas.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

catarse

liberta, grita, berra, põe pra fora.
ri, chora, sufoca, soluça, debruça, agacha. 
encolhe, vira feto, aperta os olhos, engasga.
espreguiça, range os dentes, choraminga.
suspira, canta, gira, roda, rodopia, cai.
levanta, sorri e vai.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

o passado presente

Perdi a noção do tempo. "Que ano é esse?", me disseram. Eu ri sem acreditar nos meus olhos.

Durante muito tempo, pensei em tudo que poderia ter sido e que não foi. Muitos anos se passaram, e tudo ficou rodando, rodando, rodando aqui dentro feito um disco riscado. Não queria sair do lugar, parei lá atrás, onde tudo era meu. Desapeguei. Aprendi a viver sem aquilo que não tinha mesmo. Mas meu inconsciente não.

Nos meus sonhos, tudo ainda era meu. Minha casa, meus amigos, meus amores, minha família, meu lar, minha vida. Eram constantes, e era tudo meu ainda.

Ontem, tudo era meu de novo, e, melhor, nosso. As lembranças, os amigos, o carinho gigante apertado pela saudade dentro do peito. Não aguentei de felicidade. Transbordei. Sobrou até pra hoje o dia todinho. E acho que vai continuar transbordando por algum tempo.

Tentar explicar para os outros o que é esse carinho, o que são esses laços, o que é esse apego, é perda de tempo. E pensando que isso tudo só existia dentro de mim, compartilhei.

Uma dessas pequenas alegrias que são tão enormes, tão grandemente preenchedoras... 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

pequenas criaturas, grandes alegrias

Não canso de achar grandes alegrias nas crianças. Se a cada dia, me deparo com adultos mal educados, ranzinzas, egoístas, me deparo com muitas crianças alegres, carinhosas, gentis. Fico pensando em como aqueles adultos, já tendo sido como essas crianças, se transformaram no que são. O que será que deu errado? Por que trocaram a doçura pela amargura? É a vida que faz isso com as pessoas? São pessoas que fazem isso com as crianças? São as pessoas que fazem isso com si mesmas?

Tenho medo do mundo. Medo de que todos se tornem cada vez pior, cada vez mais egoístas, mais grosseiros, mais mal educados. Tenho medo de que criemos bolhas e nos isolemos uns dos outros. Tenho medo de que deixemos de ser fraternos. Tenho medo de que isso seja uma doença contagiosa. Tenho medo de que nossas crianças sejam contaminadas. Medo de ser contaminada. Medo de já estar contaminada.

Minhas crianças, por outro lado, me dão esperança. Entrar na sala e receber um "Hello teacher!", um beijo e um abraço apertado, me faz esquecer meu mal humor matinal, meus problemas financeiros, meu cansaço muscular, meu horror às pessoas, meu medo do mundo. Aqueles sorrisos genuínos, espontâneos, que brotam ali simplesmente porque resolvi fazer um jogo no fim da aula, me fazem ter fé na humanidade. Aqueles olhinhos brilhando ao me ver, aquelas histórias - que nada tem a ver com o estudado em sala - compartilhadas ao final da aula, aquele carinho gratuito, mudam todo o rumo dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, da minha vida.

Pena que muitos desses serão estragados por nós mesmos.

Mas enquanto eles são essas coisinhas lindas, comemoremos. Inspiremo-nos.


"so that means you love each other"

segunda-feira, 13 de junho de 2011

dilemas de brinquedo?

E então, eu ganhei o meu tão desejado brinquedo novo. Meus olhos brilharam, meu coração bateu forte, eu quase pulei de felicidade. Mal podia acreditar que fosse verdade. E assim passei os dias, sem acreditar que fosse verdade, sem saber direito o que era sonho, o que era realidade. E sem saber, fui vivendo como se ainda sonhasse com o brinquedo novo, como se ele, ali, ainda não estivesse. Tinha passado tanto tempo sonhando, que não sabia o que fazer com a realidade.

Até que aprendi que brinquedo novo não serve pra ficar na prateleira; assim como sala de estar é pra se estar e não pra ser sala de visita; assim como roupa de sair é pra se usar quando se sai de casa, a qualquer momento, e não pra ficar no armário esperando aquela festa que nunca chega; assim como a vida é pra ser vivida e não pra ser colocada em standby; assim como o sonho que virou realidade é pra ser aproveitado, vivido, sorrido, amado...

Mesmo que brinquedo novo fora da prateleira corra o grandessíssimo risco de estragar.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Inverno já?

Esse céu suga minha existência, me fazendo existir em outro lugar, em outra dimensão onde tudo é bonito e gostoso. Esse céu segura minha boca num sorriso eterno. Esse céu me acorda com o bom dia mais melódico dos últimos tempos. Esse céu cura minha doença, meu mau humor, minha falta de esperança. Esse céu colore meu dia de azul alegria.

Esse sol me chama pelo nome, me puxa pela mão e me leva pra passear.

E lembrar que eles estarão presentes por mais uns 5 meses, pelo menos, me faz amar ainda mais essa cidade de horizonte infinito.

Ai, Brasília!

sábado, 23 de abril de 2011

Sei lá

E eu que tenho tantos motivos assim para dar piruetas de alegria, estou aqui, esparramada na tristeza.

Como pode isso?!


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um sorriso

...e foi então que seu sorriso alegrou minha noite.

Minha mãe me diz que quando eu era criança, eu era tão bonitinha, eu falava: "Mamãe, ti amu". Minha tia me diz isso também. E a minha vó também. Eu me lembro do meu pai cantando pra mim, eu sentada na pia do banheiro. Eu me lembro de desenhar no espelho, com o vapor da água quente do banho da minha mãe. Me lembro de escrever palavras e ditá-las da trás pra frente pra minha mãe adivinhá-las, enquanto tomava banho. Me lembro de deitar no colo da minha tia, enquanto ela assistia TV com a minha mãe, e lá dormir sob o efeito de massagem na orelha. Me lembro de jogar mau-mau na churrasqueira da minha casa, às sextas à noite, com meu pai tomando a sagrada cerveja que inaugurava o fim de semana. Me lembro de jogarmos burro e ele me deixar ganhar. Me lembro de sentar no chão da cozinha, fechar meus olhos e ficar espantada ao abrí-los e ver que meu tio tinha tirado uma moeda da minha orelha. Me lembro do pão de forma - sem casca - com requeijão da casa da minha vó. Do doce de leite com areinha, comprado por ela ou pelo meu avô, na feira. Me lembro de encher muito o saco do meu avô e ele me chamar carinhosamente de pestinha - e me encher o saco tb. Me lembro da minha vó na beirada da minha cama, me contando a história do carneirinho que desobedeceu a mãe e quebrou a perna. Me lembro da minha prima indo dormir na casa da minha avó, comigo, ou vindo me visitar na minha cidade, ou eu indo dormir na casa dela. Me lembro de nós duas sentada no muro da caixa de correio da casa da minha avó, com as pernas pro lado de fora do portão, vendendo flores catadas na trepadeira do vizinho pra qualquer um que passasse na calçada. Me lembro de andar de calcinha pra todo lado. Me lembro de jogar sabão na garagem pra escorregar rapidão até me estabacar no portão, quase derrubando esse na minha cabeça. Me lembro de brincar na rua todo-santo-dia e ser a criança mais feliz do mundo.

Hoje, tudo parece mais difícil e eu já não sou a mesma. Às vezes, tenho certeza que essa alegria de viver mora dentro de mim e nunca vai me abandonar, às vezes tenho medo de que ela já tenha partido.

Pensando sobre como cheguei até aqui e como todos chegaram onde estão agora, pensando sobre como tantas pessoas mudaram ao longo dos anos - umas pra pior, outras pra melhor, me deparei com um sorriso que há muito tempo já conheço. Pensei que tem gente que tem o dom de cultivar a bondade, a alegria, a doçura dentro de si e ao seu redor. Fiquei feliz de pensar que tenho pessoas assim ao meu redor. Acolhedor e inspirador. 

Não só alegrou minha noite, como acalmou minha inquietação. Não só me fez lembrar da menina melhor que já fui, como me inspirou a buscar isso dentro de mim de novo.

Obrigada, linda!

domingo, 17 de abril de 2011

A terceira gaveta

Foi muito sofrido esvaziar a terceira gaveta do meu armário. Cada peça que tirava era uma parte de mim que se partia. Doeu.

Depois de algum tempo, fiquei feliz em poder tê-la vazia. Pensei que era mesmo um bom momento pra preenchê-la com outras coisas. Estava precisando reorganizar a minha vida e aquela gaveta vazia seria muito útil naquele momento. Preenchi.

Não demorou muito, tive de esvaziá-la de novo. Não doeu, não sofri. Preenchi. E fiz isso com um sorriso largo no rosto.

Nunca pensei que uma gaveta poderia me provocar tantos sentimentos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

compartilhando a agonia de não compartilhar

Você conta por aí
Da nossa felicidade
Mas nem todos podem ouvir

Uma vez, lí um post de uma amiga que dizia que não devia existir - ou não existia mesmo, não me lembro - amor sem alvo. Gostei muito daquela reflexão. À época, fiz uma analogia com a não existência do altruísmo puro e simples, que todo bem que fazemos sempre tem um retorno ou sempre visa um retorno, nem que seja a simples satisfação de saber que estamos fazendo o bem. Pensando nessas coisas, temo acreditar que tudo nessa vida é ilusão. Não queria ter de acreditar nisso.

Hoje, de vez em quando, me lembro desse post e me pego refletindo, analogamente, sobre a felicidade. Existe felicidade sem ser compartilhada? Se eu for feliz só pra mim, serei mesmo feliz? Há quem diga que compartilhar a felicidade faz ela se multiplicar. Pra mim, faz sentido. Quando compartilho a minha com os meus queridos e queridas, sinto eles ficarem felizes por mim e o raio de felicidade aumenta ao nosso redor, como se fosse um grande campo de energia boa aumentando, aumentando, aumentando e tomando conta do ar que respiramos, grande, brilhante, lindo. Então, se não compartilho, a faísca da felicidade parece que fica ali dentro de mim, pequenina, solitária, querendo apagar...

Por outro lado, há sempre o risco de que essa energia luminosa, possa ser vista à distância pela inveja. Aí, entra o medo do compartilhamento desregrado. Não costumo ter medo dessa tal, não acho que um sentimentinho barato desse possa ter o poder de fazer a felicidade vibrante escorrer ralo a baixo. Mas o seguro morreu de velho, já diria minha avó. Pra que pagar pra ver?, já diriam meus amigos, cautelosos jogadores de poker. Tá bom, não vou. Na dúvida, me contenho e engulo parte da minha felicidade, na certeza triste de que ela poderia ser tão maior e vir a purpurinar tantos mais ao meu redor.

A felicidade não compartilhada deve até existir, mas ela em si é tão mais bonita e saborosa quando podemos vê-la refletida nos rostos de quem quer nosso bem e fica feliz pelos nossos êxitos.

(Às vezes tenho agonia de ser humano/a).

domingo, 27 de março de 2011

importantes importâncias

Ah, essa vida cheia de esquinas. 
Ah, essas esquinas cheias de surpresas. 
Ah, essas surpresas que dão mais vida à vida.

Quando algo de importante acontece em nossas vidas, não torna as outras coisas importantes, menos importantes. Mas algo muda no mundo das importâncias, não tem como. No quarto reservado a tudo aquilo que importa, continua cabendo tudo lá, mas a organização de seu conteúdo muda.

Não há como fechar os olhos às mudanças, não há como se perder na ilusão do pra sempre. Todas as coisas do mundo e da vida são mutáveis. O que dá é pra entender, aceitar e se adaptar.

Quando nosso irmão mais novo nasce, nossa mãe não passa a nos amar menos, ela somente tem de dar mais atenção a ele do que a nós. Não deixamos de ter importância a ela, mas nesse momento a ordem de importâncias está diferente. Nada mais normal do que reorganizar as prioridades, diante da chegada de uma nova importância em nossas vidas. Mais pra frente, pode ser que voltemos a estar no topo da lista de prioridades da mamãe, e depois não mais, e depois de novo e assim por diante. Mas cada momento é um momento, coisas novas surgem a todo instante, tudo muda e assim que é.

Minha lista de prioridades está toda de cara nova, mas não é a primeira vez e não será a última. No entanto, dentro do meu quartinho de importâncias, continua tendo espaço para todas as outras que lá já habitavam. No momento, tenho de me dedicar mais à importância que necessita mais de minha atenção. Amanhã, pode ser que tudo mude, e nem mais tão importante ela seja. Paciência. Reorganizarei, então, tudo de novo.

Quando algo de importante acontece na minha vida, não torna as outras coisas importantes, menos importantes.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sijóga!

Estava eu a pensar num assunto sobre o qual escrever. E o mapa do texto já tinha seu esboço no meu caderno mental. Queria falar sobre pés no chão - ou a não certeza de tê-los ou mantê-los aí.

Começaria com os versos

Se você quiser eu vou te dar um amor
desses de cinema
Não vai te faltar carinho,
plano ou assunto ao longo do dia

E eu escreveria sobre o sijoguismo em que nos coloca a paixão. Diria que já fui de acreditar mais nisso, já fui mais solta, mais livre, mais impetuosa, mais espontânea, mais impulsiva. E gostava de ser assim, achava que assim vivia melhor, mais feliz, mais completa. Vivia intensamente. Vivia. Não passava pela vida assistindo a realidade. Realizava.

Mas outro verso da mesma música me colocaria num outro patamar de observação da paixão, me fazendo repensar esse sijoguismo desenfreado.

Se você quiser eu largo tudo, vou pro mundo
com você, meu bem

Eu, então, admitiria que por muitas vezes já fui totalmente fiel a essas palavras. Porém, faria toda uma argumentação sobre o quanto me sinto diferente hoje, do alto dos meus tantos amores idos. Diria que nesse momento da minha vida, não me jogaria de cabeça mais tanto assim. Não preciso, não quero. Me sinto bem, tranquila e calma no meu lugar. Me sinto independente. Não abro mais mão das minhas conquistas, do meu espaço, da minha vida.

Terminaria, portanto, fazendo um balanço dessas duas pessoas - a que morou e a que mora dentro de mim, afirmando que hoje penso ter os pés no chão, porém em dúvida sobre isso ser definitivo ou não.

Não deu tempo de sentar pra escrever. Esse será o texto-que-nunca-foi. Nesse lapso temporal tão curto, me vi arriada uma vez mais. Coberta de palavras, gestos, abraços, beijos, silêncios, suspiros, me vi largando tudo e indo pro mundo com você, meu bem.

Sijoguei-me.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tempo II: pensamentos desconexos

É possível sofrermos por algo que nunca vivemos?

Sempre sofri por não ter vivido na década de 60. Desde minha adolescência, me imagino usando aquelas roupas, me vendo em preto e branco, cabelinhos, óculões, rock n´ roll do melhor, movimento hippie, amor livre, luta por democracia, reuniões, medo, coragem, vontade, ideal.

Ao mesmo tempo, a cada dia, me assusto mais com a tecnologia. Não entendo, acho estranho. Tudo é rápido, tudo é descartável, substituível, efêmero. O tempo passa por mim e eu não o vejo. Quando dou por mim, ele já foi.

Hoje, meu aluno me perguntou o que era aquela sigla estranha que aparecia no homework dele: ICQ. "É um MSN das antigas", disse eu. "Ah, minha mãe tinha um desse. É um que tem uma florzinha, né, teacher?", perguntou uma outra aluna. Me senti velha, ultrapassada. E pensar que ICQ era tão legal, tão moderno.

Não faz muito tempo, eu tinha a idade dos meus alunos. Não sei bem quando deixei de ter, passou rápido demais pra eu me dar conta. Me lembro daquele tempo como se fosse hoje. Quando mesmo começamos a nos esquecer dos detalhes da juventude? Às vezes tenho vontade de escrevê-los, para nunca ter de esquecê-los. Mas serão os detalhes detalhados em palavras os mesmo que os gravados na memória? Acho que não...

Gosto de ter vivido no meu tempo, mas às vezes sinto não ter vivido antes, quando tudo era mais inocente, mais devagar, mais... sei lá. Não sei, não vivi. Às vezes sofro por não ter vivido lá. Saudosismo do que não vivi, do que desconheço, do que idealizo.

Saudade de um tempo. Medo do tempo. O tempo. O tempo é algo estranho. Conheço suas medidas, conheço seus efeitos. Desconheço todo o resto a seu respeito. Medo do tempo.

terça-feira, 8 de março de 2011

Libertando-me a mim

Ah, a liberdade de ser o que se quer ser, 
viver o que se quer viver, 
fazer o que se quer fazer.
Ah, a liberdade de cantar o que querem calar, 
despir o que querem vestir.
Ah, a liberdade de chorar diante do que era pra rir, 
de partir quando era esperado ficar.
Ah, a liberdade de escrever o que se sente, 
com rima, 
sem rima, 
sem métrica, 
sem pontos 
sem acentos 
semespaçossemlogicasemnadamascomsentimento.

Um viva à liberdade ilusória de todos os dias de nossas vidas.
Muitos vivas às liberdades reais pelas quais lutamos e as quais conquistamos a cada instante.





(E um viva ao coração que é livre pra bater, pra amar, pra ser piegas pra caramba, pra ser feliz sem ter vergonha... [Ai, porcaria de coração!])

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Parcialmente nublado com pancadas de chuva ao longo do dia

Acho que tenho alguma mágica conexão com São Pedro.

De manhã cedo, acordo parcialmente tranquila, olho pela janela e o céu está parcialmente nublado. Um solzinho querendo sair, mas meio com medo de mostrar as caras nesse mundão estranho. Acho que ele pensou que não valia a pena hoje. "Hoje não", ele deve ter pensado. "Hoje não", pensei eu. Mas ele ficou lá, indeciso, assim como eu fiquei, meio sem querer ficar.

De repente, ele resolveu que era hora de juntar seus raios e ir nessa. Partiu. No lugar dele, veio uma tempestade selvagem. Ou São Pedro está muito deprê ou muito puto da vida. Talvez, seja um mix moderado de cada uma dessas emoções. Assim como eu, nesse começo estranho de tarde, continuação esquisita de dia.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

racionalidade zero

dentro de mim, existem muitos sentimentos
do lado desses sentimentos, existem muitos pensamentos
dentro de mim, existe uma caixa
e dentro dessa caixa, existe um buraco negro que está sumindo com todos os meus pensamentos
os sentimentos, porém, continuam todos aqui

domingo, 13 de fevereiro de 2011

27 de março de 2010

Quando eu olho pra trás, não me arrependo de muita coisa. Para falar a verdade, de quase nada. Isso me deixa feliz e me assusta ao mesmo tempo.

Gosto da minha história. Gosto de olhar o que tenho hoje e me lembrar como foi conquistar. Gosto de olhar meus queridos e queridas e me lembrar dos caminhos por onde andamos juntos. Gosto de olhar as cicatrizes e ver que fui forte o suficiente para cicatrizá-las.

Hoje, me veio à mente uma parte da minha história em específico. Me lembrei de juntar minhas coisinhas, colocá-las no meu carro e levá-las até aquela casa, naquele conjunto, naquela QI do Lago Norte. Estava começando uma nova e toda nova época da minha vida. Voltar àquela casa onde havia vivido tantos bons momentos foi uma sensação de voltar ao lar. Me senti acolhida, amparada.

Passei bons dias em casa, sem querer sair, curtindo aqueles cantinhos, aquela biblioteca com suas prateleiras que sempre me enfeitiçaram. Nos primeiros dias, ganhei até uma roomate de fato e fiz coisas inéditas: dividi o quarto e tive companhia para conversar, compartilhar, emprestar roupa, assistir seriado e, melhor, dormir. Aquele sentimento de solidão escorreu ralo a baixo. Fui abraçada pela presença.

Hoje, quero guardar essa lembrança. Outro dia me lembro do resto.