quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dia Mundial Sem Carro


Hoje, finalmente, resolvi me libertar da preguiça, sair da minha zona de conforto, largar meu comodismo em casa e...
ser um carro a menos.

Olhei ao redor. Olhei bastante ao redor. Busquei o caminho da sombras. Olhei para os dois lados antes de atravessar. Atravessei na faixa. Os carros pararam. Vi pessoas. Vi um tatuado de chinelo e bermuda carregando uma sacola que deveria ter coisas de padaria ou coisas de banca de revista. Por falar em padaria, descobri uma padaria que nunca antes tinha visto. Recebi olhares e me lembrei de um dos motivos que me fazem não gostar de me relacionar com a realidade ao meu redor (ou pelo menos, não tão de perto). Percebi que em um determinado momento do caminho da faixa de pedestres na entrequadra até a passarela subterrânea, a calçada acaba, puf!, do nada. Desci as escadas. Tive medo. Olhei pra todos os lados, meio paranóica. Andei rápido na curva, até chegar à parte não coberta - e clara - da passarela. Vi um homem que devia estar fazendo sua caminhada diária. Vi uma mulher, mas não soube dizer se ela também tinha medo ou não. Reparei na sujeira, no sucateamento, na insegurança. Sonhei com o dia em que aquela será uma passarela modelo, limpa, clara, segura. Enxerguei uma Brasília urbana, com seus sucateamentos e grafites. Tive vontade de fotografar. Andei rápido de novo, na viradinha escura, sempre olhando pros lados e fazendo a curva aberta. Subi as escadas e estava do outro lado, sã e salva. Fui no cantinho, no caminho da sombras, sempre. Cheguei. Suada. 10 minutos depois do que chegaria em qualquer outro dia. Feliz por ter conseguido. Com esperanças de um dia ter facilidade, segurança, incentivos, ter vontade de verdade de deixar meu carro em casa.

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