domingo, 31 de março de 2013

sobre a surpresa que nunca aconteceu...

Se assim, de repente, você resolvesse me surpreender, eu não iria achar ruim. Me jogaria nesse vento novo, deixaria ele me levar pra você, sorriria ao pé do seu ouvido, sussurrando amor. Não haveria mais espaços, silêncios, ausências.

Essa surpresa se transformaria em mudança, em certezas, em presença.

Escrito em 12 de Junho de 2012

não quero...

Não quero mais ser gente.
Não quero mais ser mesquinha, egoísta, egocêntrica.
Não quero mais ser possessiva, ciumenta, maluca.
Não quero mais querer as coisas, as pessoas, os momentos.
Não quero mais ter que ter pra ser.
Não quero mais não bastar ser ou ter, mas ter que mostrar ter e ser.
Não quero mais ser olhada, observada, julgada.
Não quero mais falar, olhar, pegar, responder, agradar.
Não quero mais sentir, sofrer, chorar.
Não quero mais querer, precisar, necessitar.
Não quero mais muito menos amar.

Dá pra ser assim?

domingo, 17 de março de 2013

Indo

Sem ter nada a perder, deixou pra trás os sonhos, os planos, as expectativas e pegou o caminho da vida. Respirou fundo, olhou pro céu, fez o sinal da cruz, tirou o cabelo do rosto, secou o suor da testa, pegou sua bagagem infinita pesada de lições e colocou o pé na estrada. Lá ia ela rumo a vida. Peito aberto, coragem ausente. Sentiu o vento no rosto renovando as energias. Sentiu o sol na cabeça torrando as idéias. Sentiu a dor nos pés lembrando o quanto já havia caminhado e o quanto ainda havia de caminhar. 

Que bom que tenho pernas saudáveis e posso sempre voltar a tomar meu rumo. Que bom que tenho braços fortes e posso carregar minha bagagem de uma vida. Que bom que tenho disposição para procurar a fracote da minha coragem, que vez em quando resolve ir nessa e me deixar na mão. Que bom que tenho o sol na minha cabeça pra iluminar o meu caminho. Que bom que sempre é tempo de recomeçar.

Respirou de novo e deu o primeiro passo.