quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Puf!

E de repente se viu assim, sem palavras. Um silêncio que pareceu eterno enquanto durou. Não havia mais o que falar, o que escrever, não sabia mais escrever. Se viu analfabeta e muda. Satisfeita, também, com o silêncio. Em paz.

Durante muito tempo, falou feito uma maluca, como se as palavras saltassem dos seus dedos, na necessidade de colocar o que sufocava pra fora. E o que não sufocava também. Era esse seu jeitinho de ser: comunicar, por pra fora, expor, compartilhar.

Agora, cabô.

Português lhe parece estranho. As palavras lhe parecem tortas e mudas. Os assuntos lhe parecem desinteressantes. Escrever pra quê? Por quê? Tinha a impressão de já ter falado sobre tudo.

Tá, sabia que não, mas não sabia mais sobre o que falar. A vida estava tão louca, bagunçada, corrida, de pernas pro ar, atropelada, que não tinha tempo pra pensar. Quando tinha, não conseguia. As idéias não se organizavam. Era ela uma música de uma nota só. Um teclado que só tinha o A. "A" sim, pra poder gritar. E só.

Quero reconstruir meus pensamentos, arrebentar a porta desse quarto-todo-branco em que me enfiei, virar a cabeça pros lados pra cima pra baixo de cabeça pra baixo pra ver tudo ao meu redor, respirar fundo e voltar a sentir os sabores da vida. Não quero ser música de uma nota só. Quero voltar a ser sinfonia. 

Comofas?