sábado, 4 de setembro de 2010

Eu-Quitinete

Eu não caibo em mim mesma. Não sei quem inventou essa história de ser uma só pessoa, de se viver uma só vida, mas isso não é suficiente pra mim.

Dentro de mim, vivem várias eus. Cada uma delas tem um humor, tem vontades, sonhos, jeitos, desejos, manias... A cada manhã, uma delas acorda, decide se quer e o que quer de café da manhã, se quer tomar banho ao acordar ou, mais tarde, antes de dormir, escolhe a roupa pra ir trabalhar e suspira feliz por mais um dia, ou emburra e pragueja. E de tarde e de noite e aos fins de semana é a mesma coisa. A alternação entre as minhas "eus" não segue nenhuma ordem nem padrão, cada amanhecer é uma surpresa, cada acordar é uma descoberta de mim mesma.

Até então, tudo é lindo. O problema é quando uma quer furar fila e outra não deixa, e começa aquele empurra-empurra bem na hora da vida recomeçar e "puf!", a vida começa de novo e duas, às vezes até três delas estão lá, juntas, numa confusão só. "E agora, que roupa vestir? Ir pra aula ou praquela festinha irada? Casar e ter fiilhinhos ou viajar o mundo conhecendo gente, se perdendo no prazer eterno da juventude irresponsável?". CAOS.

Surge, então, aquela vontade louca-descontrolada de viver tudo agora e ao mesmo tempo. Quero tudo. Quero tudo. EU QUERO TUDO. Não quero abrir mão de nada. Eu sou mimada. Não quero escolher. Eu quero tudo. Eu quero isso, aquilo e aquela outra coisa também. Eu quero tudo.

Quero a segurança da estabilidade e a adrenalina da efemeridade.

Nós queremos tudo.

E eu - definitivamente - não caibo em mim mesma.

2 comentários:

. disse...

Eu chamo isso da (maldita) síndrome-de-um-corpo-só!

coresquenãoseionome disse...

Mardita! Tem remédio pra isso? =)