quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Só.

Queria saber se ainda duro muito. Já procurei meu prazo de validade por tudo quanto é lado. Não acho. Achei que iria jovem, num ímpeto jovial e descabido em busca da liberdade, em busca da tragédia, na verdade. Em busca da notoriedade, na verdade. Não fui. To aqui. Mas ainda sou
jovem, bastante jovem. Jovialidade expressa nesses trejeitos de menina-mulher, nesse rosto que não impõe respeito. Já estou velha pra brincadeirinhas, pique-pega, pique-esconde. Cansei, não quero mais brincar. Às vezes desço pro play, não aguento muito, logo subo de volta. Quero meu canto, meu 3-quartos, minha sala de TV com sofá aconchegante, lanchinho com papo do dia, o chefe encheu meu saco hoje, terminei aquele projeto, recebi uma cartinha de uma aluna muito fofa se desculpando por ter mentido pra mim, me emocionei, entre olhares, atenção dividida entre relatos, TV, café, pernas debaixo da mesa e papinha caindo no chão: bob, vem lamber! Bob Marley, meu gato vira-lata muito do lindo, do sagaz, do temperamental. Sofia ou Caio ou Lia ou João Pedro ou Ayala ou André ou Cris ou Davi puxou ao pai: teimosia em forma de gente, mas é a cara da mãe, só cachos. O 3-quartos é a cara de nós três, cor de alegria, cheiro de felicidade, gosto de quero mais. Acordo pra lembrar que um dia eu vou morrer e talvez demore muito tempo até alguém me encontrar. Estou sozinha. Vivo sozinha. Sou sozinha.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Puf!

E de repente se viu assim, sem palavras. Um silêncio que pareceu eterno enquanto durou. Não havia mais o que falar, o que escrever, não sabia mais escrever. Se viu analfabeta e muda. Satisfeita, também, com o silêncio. Em paz.

Durante muito tempo, falou feito uma maluca, como se as palavras saltassem dos seus dedos, na necessidade de colocar o que sufocava pra fora. E o que não sufocava também. Era esse seu jeitinho de ser: comunicar, por pra fora, expor, compartilhar.

Agora, cabô.

Português lhe parece estranho. As palavras lhe parecem tortas e mudas. Os assuntos lhe parecem desinteressantes. Escrever pra quê? Por quê? Tinha a impressão de já ter falado sobre tudo.

Tá, sabia que não, mas não sabia mais sobre o que falar. A vida estava tão louca, bagunçada, corrida, de pernas pro ar, atropelada, que não tinha tempo pra pensar. Quando tinha, não conseguia. As idéias não se organizavam. Era ela uma música de uma nota só. Um teclado que só tinha o A. "A" sim, pra poder gritar. E só.

Quero reconstruir meus pensamentos, arrebentar a porta desse quarto-todo-branco em que me enfiei, virar a cabeça pros lados pra cima pra baixo de cabeça pra baixo pra ver tudo ao meu redor, respirar fundo e voltar a sentir os sabores da vida. Não quero ser música de uma nota só. Quero voltar a ser sinfonia. 

Comofas?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu Amor,

Chega! Cansei! Não dá mais! Não consigo!

Chega de dizer adeus todos os domingos e voltar pra casa sem você.
Cansei de abrir os olhos de manhã e não ter você ao meu lado.
Não dá mais para chegar em casa e não ter sua companhia no jantar.
Não consigo mais conviver com essa distância

Chega de telefonemas e mensagens.
Cansei de viver sem você.
Não dá mais para suportar a sua ausência.
Não consigo mais ser só eu.

Casa comigo?