sexta-feira, 29 de abril de 2011

Inverno já?

Esse céu suga minha existência, me fazendo existir em outro lugar, em outra dimensão onde tudo é bonito e gostoso. Esse céu segura minha boca num sorriso eterno. Esse céu me acorda com o bom dia mais melódico dos últimos tempos. Esse céu cura minha doença, meu mau humor, minha falta de esperança. Esse céu colore meu dia de azul alegria.

Esse sol me chama pelo nome, me puxa pela mão e me leva pra passear.

E lembrar que eles estarão presentes por mais uns 5 meses, pelo menos, me faz amar ainda mais essa cidade de horizonte infinito.

Ai, Brasília!

sábado, 23 de abril de 2011

Sei lá

E eu que tenho tantos motivos assim para dar piruetas de alegria, estou aqui, esparramada na tristeza.

Como pode isso?!


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um sorriso

...e foi então que seu sorriso alegrou minha noite.

Minha mãe me diz que quando eu era criança, eu era tão bonitinha, eu falava: "Mamãe, ti amu". Minha tia me diz isso também. E a minha vó também. Eu me lembro do meu pai cantando pra mim, eu sentada na pia do banheiro. Eu me lembro de desenhar no espelho, com o vapor da água quente do banho da minha mãe. Me lembro de escrever palavras e ditá-las da trás pra frente pra minha mãe adivinhá-las, enquanto tomava banho. Me lembro de deitar no colo da minha tia, enquanto ela assistia TV com a minha mãe, e lá dormir sob o efeito de massagem na orelha. Me lembro de jogar mau-mau na churrasqueira da minha casa, às sextas à noite, com meu pai tomando a sagrada cerveja que inaugurava o fim de semana. Me lembro de jogarmos burro e ele me deixar ganhar. Me lembro de sentar no chão da cozinha, fechar meus olhos e ficar espantada ao abrí-los e ver que meu tio tinha tirado uma moeda da minha orelha. Me lembro do pão de forma - sem casca - com requeijão da casa da minha vó. Do doce de leite com areinha, comprado por ela ou pelo meu avô, na feira. Me lembro de encher muito o saco do meu avô e ele me chamar carinhosamente de pestinha - e me encher o saco tb. Me lembro da minha vó na beirada da minha cama, me contando a história do carneirinho que desobedeceu a mãe e quebrou a perna. Me lembro da minha prima indo dormir na casa da minha avó, comigo, ou vindo me visitar na minha cidade, ou eu indo dormir na casa dela. Me lembro de nós duas sentada no muro da caixa de correio da casa da minha avó, com as pernas pro lado de fora do portão, vendendo flores catadas na trepadeira do vizinho pra qualquer um que passasse na calçada. Me lembro de andar de calcinha pra todo lado. Me lembro de jogar sabão na garagem pra escorregar rapidão até me estabacar no portão, quase derrubando esse na minha cabeça. Me lembro de brincar na rua todo-santo-dia e ser a criança mais feliz do mundo.

Hoje, tudo parece mais difícil e eu já não sou a mesma. Às vezes, tenho certeza que essa alegria de viver mora dentro de mim e nunca vai me abandonar, às vezes tenho medo de que ela já tenha partido.

Pensando sobre como cheguei até aqui e como todos chegaram onde estão agora, pensando sobre como tantas pessoas mudaram ao longo dos anos - umas pra pior, outras pra melhor, me deparei com um sorriso que há muito tempo já conheço. Pensei que tem gente que tem o dom de cultivar a bondade, a alegria, a doçura dentro de si e ao seu redor. Fiquei feliz de pensar que tenho pessoas assim ao meu redor. Acolhedor e inspirador. 

Não só alegrou minha noite, como acalmou minha inquietação. Não só me fez lembrar da menina melhor que já fui, como me inspirou a buscar isso dentro de mim de novo.

Obrigada, linda!

domingo, 17 de abril de 2011

A terceira gaveta

Foi muito sofrido esvaziar a terceira gaveta do meu armário. Cada peça que tirava era uma parte de mim que se partia. Doeu.

Depois de algum tempo, fiquei feliz em poder tê-la vazia. Pensei que era mesmo um bom momento pra preenchê-la com outras coisas. Estava precisando reorganizar a minha vida e aquela gaveta vazia seria muito útil naquele momento. Preenchi.

Não demorou muito, tive de esvaziá-la de novo. Não doeu, não sofri. Preenchi. E fiz isso com um sorriso largo no rosto.

Nunca pensei que uma gaveta poderia me provocar tantos sentimentos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

compartilhando a agonia de não compartilhar

Você conta por aí
Da nossa felicidade
Mas nem todos podem ouvir

Uma vez, lí um post de uma amiga que dizia que não devia existir - ou não existia mesmo, não me lembro - amor sem alvo. Gostei muito daquela reflexão. À época, fiz uma analogia com a não existência do altruísmo puro e simples, que todo bem que fazemos sempre tem um retorno ou sempre visa um retorno, nem que seja a simples satisfação de saber que estamos fazendo o bem. Pensando nessas coisas, temo acreditar que tudo nessa vida é ilusão. Não queria ter de acreditar nisso.

Hoje, de vez em quando, me lembro desse post e me pego refletindo, analogamente, sobre a felicidade. Existe felicidade sem ser compartilhada? Se eu for feliz só pra mim, serei mesmo feliz? Há quem diga que compartilhar a felicidade faz ela se multiplicar. Pra mim, faz sentido. Quando compartilho a minha com os meus queridos e queridas, sinto eles ficarem felizes por mim e o raio de felicidade aumenta ao nosso redor, como se fosse um grande campo de energia boa aumentando, aumentando, aumentando e tomando conta do ar que respiramos, grande, brilhante, lindo. Então, se não compartilho, a faísca da felicidade parece que fica ali dentro de mim, pequenina, solitária, querendo apagar...

Por outro lado, há sempre o risco de que essa energia luminosa, possa ser vista à distância pela inveja. Aí, entra o medo do compartilhamento desregrado. Não costumo ter medo dessa tal, não acho que um sentimentinho barato desse possa ter o poder de fazer a felicidade vibrante escorrer ralo a baixo. Mas o seguro morreu de velho, já diria minha avó. Pra que pagar pra ver?, já diriam meus amigos, cautelosos jogadores de poker. Tá bom, não vou. Na dúvida, me contenho e engulo parte da minha felicidade, na certeza triste de que ela poderia ser tão maior e vir a purpurinar tantos mais ao meu redor.

A felicidade não compartilhada deve até existir, mas ela em si é tão mais bonita e saborosa quando podemos vê-la refletida nos rostos de quem quer nosso bem e fica feliz pelos nossos êxitos.

(Às vezes tenho agonia de ser humano/a).