segunda-feira, 13 de setembro de 2010

As dunas e o vento

Me olho no espelho e não sou mais a mesma.

Minhas costelas aparecem, mas não estou mais magra do que há 10 anos. A balança me diz que ainda sou a mesma, mas minhas curvas não me enganam.

Adoro ver que tenho costelas. Gosto de me trocar e me enxugar em frente ao espelho só pra poder vê-las a cada levantar de braços, a cada giro de tronco. Adoro as minhas costelas. Elas me dizem que sou aquilo que é o sonho de toda mulher: magra.

Porém, abaixo delas, tem aquilo que é o terror de toda mulher e que me diz exatamente o contrário: o cinturão da gordura. Eu não gosto muito dele, é verdade. Ainda mais, porque ao longo dos anos ele só fez crescer. Mas ao mesmo tempo, justamente por isso, sou grata a ele. É ele que faz minhas costelas aparecerem. É ele que me dá aquela cinturinha que nunca antes tive. Obrigada, cinturão da gordura.

Meus culotes também fazem parte da minha listinha de falsos amigos/inimigos. Pra falar a verdade, nem reparo que eles são os tão temíveis culotes. Pra mim, eles são meu quadril, aquele quadril que não tive - e era louca pra ter - há 10 anos atrás.

Me olho no espelho e não sou mais a mesma. Mesmo que a balança me diga que ainda tenho os mesmos 57kg dos meus 16 anos, defintivamente não sou mais a mesma. E me encanta não ser mais a mesma. Sou muito feliz do alto dos meus quase 27 anos e de dentro do meu cinturão da gordura. 

Me sinto parte da natureza. Me sinto moldada artística e carinhosamente pelo tempo. 

Me olho no espelho e me sinto viva, me sinto normal, me sinto mulher.

2 comentários:

. disse...

Lindo, linda!
Eu tenho uma lombra parecida com as mãos e meu rosto. Apesar de saber da possibilidade de em pouco tempo eu não curtir rugas tanto assim, hoje eu confesso que gosto. Gosto de umas fotos em que ao lado dos meus olhos sai um mini-pé-de-galinha (ou pé-de-galinha-wannabe). Gosto quando minhas mãos estão cheias de veias e parecem mãos de mulher, mais madura, mais vivida. "Marcas de expressão", né? Nem sei explicar, mas também gosto de ver que a gente não tá parando de crescer, tá só mudando de todos os outros jeitos sem ser necessariamente com alguns centímetros a mais pra cima.

Isso é bonito pra caramba! =)

coresquenãoseionome disse...

tenho isso com os cabelos brancos que não tenho. dou graças aos céus por não tê-los, mas às vezes rola aquela invejinha de quem os tem. a invejinha boba de querer saber como é ter, provavelmente pra não querer tê-los, sabe?

vai entender essas mulheres!