segunda-feira, 4 de abril de 2011

compartilhando a agonia de não compartilhar

Você conta por aí
Da nossa felicidade
Mas nem todos podem ouvir

Uma vez, lí um post de uma amiga que dizia que não devia existir - ou não existia mesmo, não me lembro - amor sem alvo. Gostei muito daquela reflexão. À época, fiz uma analogia com a não existência do altruísmo puro e simples, que todo bem que fazemos sempre tem um retorno ou sempre visa um retorno, nem que seja a simples satisfação de saber que estamos fazendo o bem. Pensando nessas coisas, temo acreditar que tudo nessa vida é ilusão. Não queria ter de acreditar nisso.

Hoje, de vez em quando, me lembro desse post e me pego refletindo, analogamente, sobre a felicidade. Existe felicidade sem ser compartilhada? Se eu for feliz só pra mim, serei mesmo feliz? Há quem diga que compartilhar a felicidade faz ela se multiplicar. Pra mim, faz sentido. Quando compartilho a minha com os meus queridos e queridas, sinto eles ficarem felizes por mim e o raio de felicidade aumenta ao nosso redor, como se fosse um grande campo de energia boa aumentando, aumentando, aumentando e tomando conta do ar que respiramos, grande, brilhante, lindo. Então, se não compartilho, a faísca da felicidade parece que fica ali dentro de mim, pequenina, solitária, querendo apagar...

Por outro lado, há sempre o risco de que essa energia luminosa, possa ser vista à distância pela inveja. Aí, entra o medo do compartilhamento desregrado. Não costumo ter medo dessa tal, não acho que um sentimentinho barato desse possa ter o poder de fazer a felicidade vibrante escorrer ralo a baixo. Mas o seguro morreu de velho, já diria minha avó. Pra que pagar pra ver?, já diriam meus amigos, cautelosos jogadores de poker. Tá bom, não vou. Na dúvida, me contenho e engulo parte da minha felicidade, na certeza triste de que ela poderia ser tão maior e vir a purpurinar tantos mais ao meu redor.

A felicidade não compartilhada deve até existir, mas ela em si é tão mais bonita e saborosa quando podemos vê-la refletida nos rostos de quem quer nosso bem e fica feliz pelos nossos êxitos.

(Às vezes tenho agonia de ser humano/a).

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