terça-feira, 11 de junho de 2013

Um bocado de tristeza

Nada melhor do que essa angústia no peito pra sentar e escrever. E toda aquela falta de palavras durante os dias regados de felicidades se foi. Sobra tristeza, sobram palavras.

Tristeza transborda no peito, dolorido, pulsante. Transborda na cabeça, lembrando, buscando, revivendo em flashes, indo e voltando, indo e voltando. Transborda nas pernas, inquietas, andantes, zigue-zagueando pela casa, deixando-se cair, descendo parede abaixo, costas raspando, estatelando no chão, pernas dobradas, joelhos apontando o teto, cabeça entre as mãos, soluços. Transborda nos olhos, líquida, salgada.

As palavras transbordam pelos cantos da boca e dos dedos e da cabeça. A tristeza empurra elas pra fora, dizendo pra elas: vão, digam pro mundo como é escuro aqui dentro; falem pra todos do aperto, do desassossego que existe aqui; berrem aos quatro ventos o sofrimento do bendito coração. Elas vão. Ninguém vê. Mas o colocar pra fora aquieta um pouco esse furacão sentimental  vulgarmente chamado de dor de cotovelo.

E cada vez mais que deveria doer menos acaba sendo o contrário. Pelo menos, escrevo mais assim.

"é preciso um bocado de tristeza, é preciso um bocado de tristeza...'

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